Róisín Murphy acabou de lançar “Incapable”, seu arrogante novo single produzido por DJ Parrot. Ela, é claro, será sempre lembrada como a vocalista do Moloko, que há 20 anos invadiu as paradas com clássicos como “Sing It Back” e “The Time Is Now”. Ela entrou em carreira solo em 2005 com o álbum “Ruby Blue” (2005). Posteriormente, lançou um acompanhamento de sucesso, intitulado “Overpowered” (2007), que apresentou quatro singles nas paradas, incluindo a brilhante “Let Me Know”.
“Incapable”, por sua vez, é o carro-chefe do seu quinto álbum ainda sem título, previsto para ser divulgado no final desse ano. É um movimento brincalhão que a encontra em boa forma; a batida é associada a uma linha de baixo estridente, uma espécie de ressalto deep house completamente irresistível. Muitas das melhores músicas da Róisín Murphy se baseiam em uma única palavra – como “Jealousy”, “Simulation” e “Overpowered”. Em “Incapable”, a irlandesa canta da perspectiva de uma mulher afastada da própria capacidade de amar. É uma música realmente sorrateira. A princípio, parece enganosamente otimista. “Nunca tive um coração partido”, ela admite sob um ritmo hipnótico com elementos de disco. Mas à medida que a música se desenvolve, e ela contempla sua curiosidade, seu tom se volta, de forma quase desesperada, à procura de algo.
Com o refrão, ela vai direta ao assunto: “Nunca tive um coração partido / Sou incapaz de amar?”. Murphy sempre teve um alcance expressivo e invejável, mas aqui ela se inclina de outra maneira – balançando entre indiferença e mágoa, sussurro e grunhido. Para uma música sobre tumultos internos, “Incapable” é surpreendentemente suave. Ela desliza por mais de 8 minutos através de riffs de disco e cria um círculo delicado no ar, enquanto sintetizadores se tornam cada vez mais fortes. Assim como excelentes músicas eletrônicas, “Incapable” é um convite para se perder e dançar – aqui, ela busca uma catarse à sombra do fracasso emocional de outra pessoa.